Era maio de 2021 quando Abel Ferreira, prestes a fazer sua primeira partida acima do nível do mar, usufruiu da experiência dos atletas para traçar a estratégia de vitória na altitude de Quito, no Equador. Quatro anos depois, volta ao mesmo estádio com o Palmeiras dono de um protocolo consolidado e que quebra paradigmas para lidar com o impacto do ambiente em seu estilo de jogo.
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Veiga e Gómez em treino do Palmeiras em Quito, no Equador — Foto: Cesar Greco / Palmeiras
Enquanto alguns clubes nos últimos anos chegam ao local pouco antes da partida ou com uma semana de antecedência, o Palmeiras vai dois dias antes e treina na véspera para auxiliar os atletas a perceberem mudanças físicas e da própria trajetória da bola.
Foi assim em La Paz, contra o Bolívar, na fase de grupos da Libertadores, e agora em Quito, onde enfrenta a LDU, às 21h30 desta quinta-feira, no Estádio Rodrigo Paz Delgado, pela partida de dia da semifinal da competição.
É o mesmo, aliás, onde Abel Ferreira comandou a vitória sobre o Independiente del Valle, em 2021.
– Era a minha primeira vez na altitude, quis ouvir os mais velhos e mais novos. A estratégia tática foi dos jogadores – revelou o técnico na época.
Desde então, soma cinco partidas nessas condições, com quatro vitórias e apenas uma derrota, contra o Bolívar, com uma equipe formada em sua maior parte por atletas da base na época da pandemia da Covid-19. Aos poucos, desenvolveu ele próprio as mudanças táticas que uma partida neste cenário exige.
– Tem que mudar um pouco – conta o lateral-direito Giay, sobre o estilo de jogo alviverde.
– Às vezes são jogos mais diretos, sabe? Sem tanta posse de bola. Também não sempre ir tudo ao ataque, às vezes tem que segurar um pouco. Porque dá para sentir a falta de oxigênio, de correr e não poder recuperar o ar – explica.
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Estádio Casa Blanca, em Quito, no Equador — Foto: Camila Alves
O Casa Blanca, como é conhecido, é o segundo estádio mais alto desta edição da Libertadores, com 2.850m acima do nível do mar, semelhante aos estádios Atahualpa e Banco Guayaquil, também em Quito, e atrás apenas do famoso Hernando Siles, a 3.637m em La Paz, na Bolívia.
Circunstância em que se encontra menos oxigênio do que o usual, quando a nível do mar.
– Quanto menos disponível, menor a performance aeróbica – explica a especialista em medicina do esporte e Head de Medicina da Volt Sports Science, Carla Tavares.
– Ocorre aumento da frequência cardíaca e da respiratória para compensar, tornando a fadiga mais rápida, diminuindo a capacidade de sprints repetidos e dificultando a recuperação entre eles – completa.
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Estádio Casa Blanca, em Quito, no Equador — Foto: Camila Alves
No Palmeiras, calcula-se haver um comprometimento de cerca de 20% em fatores como a corrida e a resistência. É limitante, mas não incapacitante, contudo. E assim como acontece em ambientes de maior frio, calor ou diferentes condições de gramado, por exemplo, exige-se um processo de adaptação.
A comissão técnica alviverde e o núcleo de excelência, portanto, trabalham para amenizar sintomas de fadiga, dores de cabeça e tontura controlando a alimentação, com medicação e hidratação constante monitorada.
– A gente já teve muitos jogos em que fomos para altitude e conseguimos suportar bem essa questão do ambiente – diz o meia Maurício.
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Treino do Palmeiras em Quito, no Equador — Foto: Cesar Greco / Palmeiras
Ainda que reconheçam a condição como beneficente para o adversário, tratam de ter em mente o plano traçado pelo clube para tentar ir à final da Libertadores outra vez.
– Sabemos que eles são fortes lá e a ideia não vai mudar. Igual a cada fase que a gente joga, é fazer um bom resultado fora e fechar em casa com nossa gente, nosso campo – finaliza Piquerez.
Fonte: Ge





