Análise: Botafogo cumpre missão em casa antes da Copa de Clubes, mas leva lições para os Estados Unidos

O Botafogo se despediu do estádio Nilton Santos antes da viagem para a disputa da Copa do Mundo de Clubes. O time venceu o Ceará por 3 a 2, pela 10ª rodada do Campeonato Brasileiro, chegou ao G-6 e sai com a sensação de dever cumprido prestes a encarar outro desafio, agora nos Estados Unidos. O clima também foi de despedida para o atacante Igor Jesus, que jogou pela última vez no estádio antes de se transferir ao Nottingham Forest, após o Mundial.

Com força máxima, o time comandado por Renato Paiva mostrou controle, mas também enfrentou dificuldades para furar a linha de cinco defensores armada pelo Ceará – algo que não tem sido novidade nas últimas partidas.

O Botafogo foi forçado a explorar os lados do campo, tentou com Vitinho pela direita, depois com Alex Telles pela esquerda, e ainda teve Artur acertando a trave. A insistência foi premiada no fim do primeiro tempo, quando Mastriani, que aos poucos retorna de lesão, abriu o placar aos 44 minutos. Foi seu primeiro gol com a camisa alvinegra, em jogada construída com qualidade por Santiago Rodríguez, outro que aos poucos reencontra sua melhor forma.

O cenário parecia sob controle até que, no segundo tempo, Pedro Raul – velho conhecido da torcida alvinegra – deixou tudo igual logo no início. O gol adversário expôs um momento de desatenção e uma mudança de postura do Ceará, qque passou a ocupar mais o campo ofensivo após perceber fragilidades na recomposição botafoguense.

A resposta do time de Paiva veio em um pênalti, aos 26 minutos, Alex Telles converteu com precisão e colocou o Glorioso novamente em vantagem. A partir daí, Paiva adotou postura mais cautelosa: tirou Mastriani e reforçou o meio com Danilo Barbosa. Depois, precisou improvisar Mateo Ponte na lateral esquerda com a saída de Telles, desgastado fisicamente.

Mesmo mais recuado, o Botafogo conseguiu ampliar o placar em bela jogada de Marlon Freitas, que começou a construção da transição ofensiva, tocou para Artur e apareceu na área para finalizar. O volante, normalmente mais contido, mostrou oportunismo e visão para marcar o terceiro.

Marlon Freitas comemora gol pelo Botafogo — Foto: Vitor Silva / Botafogo

Mas o Ceará não se deu por vencido. Já na reta final do jogo, Pedro Raul apareceu mais uma vez, agora ganhando de cabeça sobre Gregore, e diminuiu a vantagem alvinegra. O gol expôs um ponto sensível do time: os espaços deixados na entrada da área e a vulnerabilidade pelo alto – fator que o próprio Renato Paiva destacou em entrevista depois do jogo.

– Tivemos alguns erros defensivos. Falei agora mesmo com os jogadores sobre isso. São coisas que trabalhamos e o que trabalhamos tem que aparecer no campo. (…) Hoje sofremos dois gols, algo que só aconteceu contra o São Paulo, e gols completamente evitáveis – disse.

Mesmo sem uma atuação de encher os olhos, o Botafogo foi competente o suficiente para sair com os três pontos. A equipe pecou na construção ofensiva em alguns momentos, e por isso não conseguiu oferecer um espetáculo à altura da ocasiã: a última “dança” de Igor Jesus no Nilton Santos.

Igor Jesus em Botafogo x Ceara, pelo Campeonato Brasileiro — Foto: Vitor Silva/Botafogo

Fonte: Arquivo pessoal