Análise: Fluminense desperdiça chance de matar eliminatória e precisará de atenção em casa

Análise: Fluminense desperdiça chance de matar eliminatória e precisará de atenção em casa

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O olhar de quem só vê o resultado engana, mas não mente. De fato, a vitória do Fluminense por 2 a 1 sobre o América de Cali, nesta terça-feira, no Pascual Guerrero, é um grande resultado. Ainda mais se tratando de um mata-mata. Mas quem vê mais profundamente, fica com uma pulga atrás de orelha. A avaliação é justa para os dois lados: dá para elogiar o Tricolor pela vantagem conquistada, mas também dá para lamentar o fato de a eliminatória ainda estar aberta.

Com o placar de 2 a 1, o Fluminense pode até empatar no jogo de volta, no dia 17, no Maracanã, que avança às quartas de final. Mas faltou pouco para podermos dizer que seria possível até poupar no Rio de Janeiro. Bastava converter as chances que teve. Quando teve 2 a 0 no placar, não foram as poucas as oportunidades de matar o jogo. Everaldo de cabeça, Canobbio na trave e vários contra-ataques estiveram à disposição. Não matou. Mostra a boa atuação tricolor, mas também os motivos de lamentação.

Ao mesmo tempo, preocupa a atuação defensiva. Não foi boa — e os números enganam. Fábio fez poucas defesas porque o adversário era limitado. Só no primeiro tempo, foram três furadas que se tornariam oportunidades claras — e não entram nas estatísticas. No segundo tempo, enorme pressão nas bolas paradas que não viraram chutes. O gol de Barrios, no fim, fez um pouco de justiça para os colombianos. Se fosse outro rival mais qualificado, o cenário seria pior.

De todo modo, é mais uma vitória internacional para o Fluminense, que segue se notabilizando como time de Copas. Tanto na Copa do Brasil quanto na Conmebol Sul-Americana, vencer é mais importante do que jogar bem. Missão cumprida na Colômbia, mas o que podia ser uma vaga tranquila, agora requererá maior atenção no Maracanã.

Canobbio em América de Cali x Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense

Canobbio em América de Cali x Fluminense — Foto: Marcelo Gonçalves/Fluminense

Taticamente, o Fluminense manteve o seu padrão de quando atua nas Copas: um time que tenta ser sólido defensivamente e eficiente no ataque. A escolha por Renê na esquerda e Lima no lugar de Nonato, lesionado, mostra isso. O objetivo era manter a defesa sólida e ter a posse da bola quando a tivesse no ataque. Mas não foi necessariamente isso o que aconteceu em Cali.

Enquanto os jogadores de frente estiveram em noite muito positiva, os defensores não foram bem. Dá para dizer que Fábio fez poucas defesas, claro, mas isso é uma meia verdade. Devido ao nível do América de Cali, muitas boas oportunidades não foram contabilizadas. Luis Ramos, por exemplo, furou duas bolas que levariam perigo em erros de tempo de bola de Manoel. Barrios deu calor na defesa e também perdeu chances por erro nas conclusões.

Até que o gol contra nitidamente mudou a partida. Candelo esfriou um estádio que estava inflamado e diminuiu a pressão do América de Cali. Lançamento de Samuel Xavier e, num lance bobo, ele tentou recuar para o goleiro e foi mal na jogada, marcando contra. Dali em diante, houve o melhor momento do Fluminense na partida, porque a exposição gerava espaços aproveitados pelo Tricolor.

Toda descida no contra-ataque puxado por Serna era perigosa. Com Canobbio, num lance de categoria, uma finalização belíssima para deixar o 2 a 0 no placar. Não dizia o que foi a partida naquela etapa, mas foi ótimo para o Fluminense.

Canobbio comemora o gol em América de Cali x Fluminense, pela Sul-Americana 2025 — Foto: Gabriel Aponte/Getty Images

Canobbio comemora o gol em América de Cali x Fluminense, pela Sul-Americana 2025 — Foto: Gabriel Aponte/Getty Images

Então, veio o caminhão de chances que o Fluminense desperdiçou. Se o América de Cali já estava exposto no primeiro tempo porque precisava do resultado, decidiu se lançar ainda mais no segundo. Logo com 30 segundos, Everaldo teve uma bola excelente de Kevin Serna à disposição para fazer o terceiro. Riscou a trave. Depois das substituições do técnico Gabriel Raimondi, o cenário mlelhorou.

As entradas de Holgado e Castillo colocaram um homem a mais no ataque, o que ajudava na pressão dos colombianos. Mas bastavam poucas trocas de passe para os meio-campistas e atacantes do Fluminense estarem em igualdade numérica contra a defesa adversária. Nestas chances, Lima, Serna e Everaldo perderam oportunidades. Numa roubada de bola no ataque, Canobbio acertou o travessão.

O América, exposto, no entanto, também aproveitava a superioridade do ataque. Com a entrada de Castillo, Carrascal ficou mais livre para se movimentar e aproveitava os espaços. De longe, era o jogador mais talentoso da equipe. Mas os companheiros não acompanhava. Houve muito erro de conclusão e definição. Mas os espaços existiam.

Renato tentou administrar o fôlego de alguns jogadores. Entraram Bernal e Thiago Santos, mas não foi suficiente para conter Carrascal — e a boa entrada de Holgado, que trouxe um jogador a mais para auxiliar o camisa 10. O gol de Barrios no fim, após falha de Freytes e Renê, que não conseguiram roubar a bola num dois contra um, trouxe mais justiça para o América.

Ainda assim, se o placar fosse realmente justo, provavelmente seria de 5 a 2 para o Fluminense. A vitória foi merecida. Ainda que cause a sensação de que a circunstância poderia ser melhor para o Tricolor

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