Há cinco anos, Neymar chorava.
No estádio da Luz, em Lisboa.
Perdia, com o PSG, a final da Champions League, para o Bayern.
Ontem, o jogador midiático estava nos camarotes da Vila Belmiro.
Neymar não chorava, só se mostrava preocupado, tenso.
Ouvia os palavrões que torcedores comuns dirigiam ao time. E principalmente ao presidente Marcelo Teixeira.
O fraquíssimo futebol do Santos, no empate em 1 a 1, com o CRB, pela Copa do Brasil.
Com direito ao goleiro Brazão defender pênalti aos 47 minutos do segundo tempo.
Do camarote, o jogador contundido viu o estreante técnico Cléber Xavier gesticular, desesperado, durante a partida toda.
Cléber jamais foi treinador e sim um mero auxiliar.
É um novato comandando um grupo.
Marcelo Teixeira deu a chance dele começar a carreira no Santos, seriamente ameaçado de novo rebaixamento.
Neymar já estava deixando o estádio, cercado de seguranças, quando soube.
Vândalos caçavam Teixeira pela Vila Belmiro.
Queriam ‘satisfações’ e certeza que o clube não será rebaixado de novo.
Foram parar na Sala de Imprensa.
Aos pontapés, socos, queriam arrombar a porta, buscando o presidente.
Seguranças e policiais evitaram a invasão.
O dirigente já estava na parte social do clube, também protegido por seguranças.
Os jogadores e Cléber Xavier souberam da movimentação dos vândalos.
E saíram assustados, protegidos por seguranças e policiais do estádio.
A Torcida Jovem, a que invadiu o treinamento dos jogadores, há quatro dias, com fogos de artifício e gritando ameaças, já avisou.
Fará novas manifestações antes do jogo contra o Grêmio, domingo, em Porto Alegre.
Avisa que não aceitará passivamente o Santos encaminhar sua volta à Segunda Divisão.
O ambiente é bélico e inseguro na Vila Belmiro.
Com a direção dobrando o número de seguranças para os atletas.
Neymar, que está fazendo tratamento médico, buscando se recuperar do seu estiramento, já tem seus guarda-costas particulares.
Aos 33 anos, ele tem tido conversas constantes com os jogadores, que se mostram assustados, preocupados, tensos.
Não há tranquilidade para trabalhar.
Inclusive, de acordo com jornalistas que cobrem o Santos, já acalma o próprio Cléber Xavier, que jamais comandou um grupo, ainda mais vivendo uma crise tão intensa.
Sua escolha teve o aval de Neymar.
César Sampaio, ídolo do Santos, e que também era auxiliar de Tite, como Cléber, na Copa de 2022, fracassou ao tentar treinar o elenco limitado, montado por Marcelo Teixeira.
A dívida do clube já passa dos R$ 970 milhões.
E só cresce, com os juros.
Nem Neymar e muito menos seu pai e empresário esperavam que o Santos vivesse momentos tão ruins.
Não chegaram os patrocínios milionários que sonhavam, com a volta de Neymar.
As duas contusões seguidas do jogador espantaram interessados.
Os reforços importantes, que seu nome atrairia, não vieram.
A situação econômica do Santos não é segredo para ninguém.
No ano passado foram três transfer ban, ou seja, processos que o clube sofreu da Fifa.
Por calote, por falta de pagamento.
Não há grandes esperanças na categoria de baixo do Santos.
A safra de atletas é regular.
Empresários já sussurram: jogadores ‘contratáveis’ na janela do meio do ano, não querem a Vila Belmiro.
No meio de tudo isso há Neymar.
Sem previsão concreta de volta.
E sua dúvida shakespeariana.
Renovar ou não renovar?
Há cinco anos, Neymar decidia a Champions League.
E agora pode ter o gosto de cair na Segunda Divisão do Brasil.
Seu contrato termina no dia 30 de junho.
Marcelo Teixeira se mostra cada vez mais pessimista.
Neymar e seu pai não falam uma palavra em seguir no clube.
Se for usar a frieza e o pragmatismo que o marcam como empresário, Neymar Sênior não autoriza a renovação do filho.
Tudo irá depender o amor propagado de Neymar ao Santos.
Esta será a prova de fogo do maior ídolo, depois de Pelé…
Fonte: R7 Esportes