O gol salvador de Vini Jr. não apaga a evidência: Dorival chegou no seu limite no comando da Seleção

O gol salvador de Vini Jr. não apaga a evidência: Dorival chegou no seu limite no comando da Seleção

compartilhe este post

Sou daqueles que acredita, sim, em um déficit geracional na seleção brasileira. Mas isso, claro, considerando os próprios parâmetros brasileiros. Na tarde de ontem, o programa Seleção, do Sportv, comparava uma possível escalação do Brasil com outras seleções pesadas do futebol mundial, como Espanha, Alemanha, França e Inglaterra. E a conclusão dos participantes do programa, à qual me junto, foi de que em termos individuais o Brasil não deve a quase ninguém. O problema é que, quando se observa o aspecto coletivo, hoje a seleção não ocupa sequer o primeiro patamar do futebol mundial.

Dorival Júnior em Brasil x Colômbia — Foto: André Durão/ge

Dorival Júnior em Brasil x Colômbia — Foto: André Durão/ge

O jogo contra a Colômbia foi prova disso. Mais uma prova das tantas que tivemos nessas Eliminatórias, na verdade. A Seleção Brasileira teve dois momentos de imposição — um começo convincente de jogo, quando conseguiu espremer a Colômbia, com Raphinha sendo protagonista, e no fim da partida, momento em que buscava de forma desesperada a vitória, que veio com gol de Vinicius Jr., novamente de atuação menor do que seu potencial.

São momentos da partida que exemplificam justamente a qualidade individual do Brasil — raras seleções no mundo podem contar com um tridente do calibre de Raphinha, Rodrygo e Vinicius Jr.. 

O problema é que o enorme recorte entre esses dois períodos extremos, no começo e no fim do jogo, novamente foram marcados por uma grande dificuldade em perceber alguma influência positiva do trabalho de Dorival Jr.

Simplesmente não há fluidez na forma como o Brasil organiza seus movimentos ofensivos. Nas questões defensivas, a seleção também voltou a sofrer, e a prova disso é o desconforto mostrado quando a Colômbia empatou com Luis Díaz, lance que contou com participação decisiva de Jhon Arias. 

Vini jr — Foto: Reuters

Vini jr — Foto: Reuters

A pontuação nas Eliminatórias é suficiente e até confortável, mas apenas devido ao novo formato, em que quase todos se classificam, enquanto o desempenho há tempos é preocupante. Por isso, é possível concluir que Dorival Jr., com quinze jogos na casamata, alcançou seu limite rápido demais na Seleção Brasileira. Nada hoje permite acreditar que a equipe possa evoluir a ponto de chegar na Copa do Mundo com possibilidades reais de se postular como candidata ao título. Coletivamente, hoje o Brasil parece grande favorito a ser eliminado nas oitavas de final.

No âmbito místico, provavelmente nos momentos finais do jogo muita gente já lembrava da estreia de Emerson Leão, em 2000, quando a Seleção foi impiedosamente vaiada no Morumbi, contra a mesma Colômbia, até que Roque Junior marcou o gol que trouxe um mínimo sossego. Meses depois, Leão seria demitido, e em 2002, com Felipão no comando, o Brasil conquistaria o pentacampeonato mundial. Na época, também seria insanidade afirmar que a Seleção venceria a Copa do Mundo. O futebol brasileiro nunca chegou a morrer — justamente porque sua melhor estratégia é se fazer de morto.

Quando Dorival foi anunciado, realmente parecia uma das melhores alternativas disponíveis. Muito se falou, durante sua carreira, que era capaz de executar apenas o “arroz com feijão” cumpridor de cada dia, mas as recentes passagens vitoriosas por Flamengo e São Paulo indicavam que pelo menos uma costelinha defumada colocava um gostinho a mais na panela. Acontece que esta culinária básica se mostrou insuficiente na Seleção Brasileira, onde as expectativas desabam sobre os simples mortais e o calendário é peculiar e exigente. E este parece ser um momento crucial em termos de ambições: com Dorival Jr., hoje o ciclo que culmina na Copa do Mundo parece totalmente comprometido.

Fonte: Ge

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Relacionados