A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro ouve nesta terça-feira (29) o coronel Fábio Augusto Vieira, comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal na época da invasão das sedes dos Três Poderes.
Na noite desta segunda-feira (28), o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou Vieira a ficar em silêncio durante a audiência.
Vieira e outros seis oficiais da PMDF foram presos pela Polícia Federal (PF) em 18 de agosto por suspeita de omissão durante as manifestações. As prisões foram solicitadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizadas pelo STF.
Antes, Vieira já havia sido preso no início do ano após determinação do ministro do Alexandre de Moraes, mas foi solto em 3 de fevereiro.
O depoimento do policial militar atende a sete requerimentos de convocação. Em um deles, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirma que o comando do militar “foi falho”, o que “permitiu que os manifestantes rompessem as linhas de controle estabelecidas e invadissem e depredassem as sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e da Presidência da República”.
Já o senador Eduardo Girão (Novo-CE) quer focar a tese de “apagão de coordenação e comando” no dia das invasões. “Como comandante e com acesso diário aos relatórios de inteligência, [o coronel Fábio Augusto Vieira] tinha conhecimento de que as manifestações eram fatos portadores de preocupação a exigir medidas preventivas efetivas, o que não ocorreu, dado o despreparo da PMDF e a total falta de coordenação”, argumenta o parlamentar.
Esta não será a primeira vez que Vieira depõe diante de parlamentares. Em 11 de maio, o coronel passou por oitiva na CPI da Câmara Legislativa do DF. Na ocasião, ele defendeu a tese de que a corporação não estava “comprometida com a tentativa de golpe”. Ao ser questionado sobre a responsabilidade das ações, Vieira disse: “Quem tem obrigação de fazer o planejamento é o DOP [Departamento de Operações da PMDF]. O chefe do DOP era o coronel Paulo José, em exercício, e o coronel Naime [ex-titular do cargo], que estava afastado”.
Há expectativa de que ele repita a versão. Mas, caso decida falar durante a audiência, o policial militar poderá responder a questionamentos sobre mensagens interceptadas do celular dele que mostram compartilhamento de notícias falsas de teor golpista.
As investigações revelam que Vieira trocava mensagens “contendo teorias conspiratórias e golpistas” com alvos também investigados pela PF. Nas conversas sobre supostas fraudes nas eleições e um levante para reverter o resultado das urnas, o então comandante-geral comentou: “A cobra vai fumar”, mesmo sabendo, segundo a PGR, que se tratava de uma informação falsa. “Fábio demonstrou expectativa quanto ao potencial de subversão dos resultados do pleito eleitoral”, diz o órgão.
Fonte: R7