O futebol não é um esporte que premia quem merece. Às vezes, isso acontece, mas muitas vezes não. É um simples jogo onde quem faz mais gols vence e isso abre a infinita possibilidade de estratégias, conceitos e posturas diferentes para os treinadores escolherem como vão garantir a vitória. O Fluminense escolheu por inovar. Teve coragem para insistir num conceito de jogo que é envolvente, mas arriscado; que resolve jogos, mas que quando falha pode ser fatal. O tricolor venceu a Libertadores da América com uma marca única, estabelecida por seu comandante, quem agora tem suas ideias de jogo validadas por um título gigantesco.
Nem quando o Boca Juniors teve seu melhor momento do jogo, minutos antes de fazer o gol de empate, o Fluminense abriu mão de ser o Flu de Diniz. Arriscado demais, e até certo ponto, irritante. Chamava o Boca pra cima, perdia a bola com certa frequência por conta da pressão da marcação, mas insistia. Mostrou a capacidade mental de um time que reverencia seu treinador mantendo a todo custo o conceito que ele escolheu pra jogar. Confiar no processo: parece esse o lema do time.
O jogo que Diniz coloca no Fluminense é ousado demais. Tem tudo a ganhar e, em segundos, coloca tudo a perder. Mas quem não gosta de emoção, não é mesmo? Na verdade, é um conceito inteligentíssimo que em todos os jogos faz o Fluminense ter chances claríssimas de gol – servindo o propósito básico do futebol: fazer mais gols que o adversário. Hoje teve muitas chances, uma delas no último minuto do tempo regulamentar, provando que é um estilo eficiente no que se propõe: enganar a marcação para ter mais chances de fazer o gol do que o oponente.
Essa Libertadores coroa Fernando Diniz, um treinador fiel ao que acredita o tempo todo, um grande gestor de grupo, capaz de olhar nos olhos do menino Jhon Kennedy e garantir que ele faria o gol do título. É um campeonato que coroa o clube, por insistir nesse projeto, mesmo sabendo que poderia dar errado. O Fluminense apostou nisso, persistiu. Montou um grupo capaz e venceu um dos maiores da América.
Sobre o futebol que nem sempre premia quem merece, desta vez premiou. O Boca, que lutou demais, não podia fazer muito além disso. Foi envolvido pelas trocas de passes dinizistas e assistiram o Fluminense jogar um futebol beeem acima da sua proposta por boa parte do jogo. Um futebol atualizado e bem executado, que merece servir como exemplo de um conceito de jogo verdadeiramente competitivo e eficiente.
A América é do Fluminense! Do Diniz, do Cano, do Kennedy. De um futebol bom de se ver jogar.
Fonte: Ge