Moradores denunciam vazamento de operação no RJ; comandante da PM diz que efetivo mobilizado pode ter chamado atenção

Moradores denunciam vazamento de operação no RJ; comandante da PM diz que efetivo mobilizado pode ter chamado atenção

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Moradores do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, denunciam que houve vazamento da operação conjunta das Polícias Civil e Militar que ocupou 11 comunidades nesta terça-feira (27). De acordo com eles, os criminosos sabiam desde segunda (26) quais regiões seriam ocupadas e enviaram mensagens com avisos.

“Chegou o toque era 16h30”, dizia uma das mensagens em grupos de aplicativos, recebidas por moradores, sobre um suposto aviso na véspera da ação. “Começou o fecho, valeu ? [Rua] Canitar não sobe mais nada lá embaixo”, diz outro texto.

Outras mensagens relatavam que houve derramamento de óleo em algumas das vias mais importantes do complexo. Essa tática costuma ser usada para dificultar o avanço dos veículos policiais.

Segundo o coronel Luiz Henrique Pires, comandante da PM, a movimentação dos policiais ao longo da tarde e da noite desta segunda-feira (26) chamou a atenção de pessoas das regiões onde ocorreram as incursões, mas isso não indica, na avaliação dele, que a operação vazou.

“Fizemos uma grande mobilização de efetivo. Desde a parte da tarde e a noite estamos mobilizando efetivo e fazendo operações de cerco e as comunidades começam a se comunicar. Provavelmente todos são alertados que vai acontecer uma operação em alguma região e aí vão se organizar para impedir que o Estado entre nessas comunidades. Tivemos um intenso confronto em várias regiões, o que prova que não teve vazamento”, disse o comandante da PM.

Pelo menos 9 suspeitos morreram nas ações, que têm como objetivo ocupar áreas dominadas pelo Comando Vermelho (CV), maior facção criminosa de tráfico de drogas no Estado do Rio de Janeiro. Dois PM foram feridos e 5 homens acabaram presos.

Moradores do Alemão denunciam que operação das polícias Civil e Militar em comunidades do RJ vazou — Foto: Reprodução/ TV Globo

Moradores do Alemão denunciam que operação das polícias Civil e Militar em comunidades do RJ vazou — Foto: Reprodução/ TV Globo

O comandante avalia a operação como positiva, apesar de ainda estarem em ações em várias partes do Grande Rio e contabilizarem as apreensões.

As mensagens indicavam que eles elaboraram uma estratégia para dificultar o acesso da polícia.

“Óleo mais tarde, assim, que a madruga começar”, afirmava a mensagem.

“Palmeira e Grota já com óleo na rua”, dizia outro texto.

Outro orientava os moradores a prestarem atenção na estratégia dos bandidos.

“Quem tem carro já fica atento; quem tem moto, cuidado nas ladeiras. Vai olhando atentamente”, dizia o texto.

As mensagens de olheiros do tráfico atravessaram a noite.

“Começou o fecho, valeu?”, destacava uma delas.

Moradores do Alemão denunciam vazamento de operação da polícia em comunidades do RJ — Foto: Reprodução/ TV Globo

Moradores do Alemão denunciam vazamento de operação da polícia em comunidades do RJ — Foto: Reprodução/ TV Globo

Um dos alvos da operação é Edgar Alves de Andrade, o Doca. Ele é apontado como um dos chefes da facção criminosa no Rio.

As investigações apontam que os criminosos são responsáveis pelas disputas de território nas zonas Oeste, Norte e também na Baixada Fluminense.

Complexo do Alemão

Polícia Militar chegou a fechar a Estrada do Itararé. Um veículo blindado bloqueou o acesso ao alto do morro, onde os PMs passaram a manhã desta terça em busca de armas, drogas e de traficantes.

Moradores gravaram policiais disparando de dentro de uma casa, na localidade conhecida como Alvorada, no Alemão.

Em outro ponto da região, no Canitá, moradores flagraram homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) carregando um homem ferido. Ele é apontado como suspeito.

Momentos depois, outro vídeo mostra moradores levando dois corpos para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região.

A PM afirma que criminosos armados atiraram contra policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Vila Cruzeiro. Durante o confronto, os bandidos fugiram a pé e os policiais apreenderam drogas e uma pistola, no carro em que eles estavam.

Barricada em chama no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução/PMERJ

Barricada em chama no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução/PMERJ

A polícia chegou a um dos esconderijos feitos pela quadrilha no meio da mata, em uma trilha entre o Complexo do Alemão e da Penha. Dali, eles observavam toda a movimentação na favela.

No Complexo da Penha, um policial do Batalhão de Choque foi baleado no braço em um tiroteio com criminosos. Ele está internado no Hospital da Polícia Militar. O estado de saúde dele é estável.

O coronel Luiz Henrique Pires destaca que qualquer caso que os moradores considerem como de abuso nas ações dos policiais deve ser denunciado à corregedoria da corporação.

Bala atinge travesseiro

No Engenho da Rainha, na Zona Norte do Rio, um disparo atravessou a janela de um apartamento. A bala parou no travesseiro da moradora.

“Eu estava deitada na minha cama, assistindo o Bom Dia Rio, quando eu ouvi um estalo em minha janela, se estilhaçou. Aqui pedaços de vidro em cima do meu travesseiro, onde eu estava deitada. Era essa bala. Isso é um terror, um horror, imaginar que onde estava deitada pode acontecer isso conosco”, contou a moradora.

Militar removendo uma barricada no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução/PMERJ

Militar removendo uma barricada no Complexo do Alemão — Foto: Reprodução/PMERJ

Zona Norte

O Complexo da Maré também amanheceu cercado. Policiais civis e militares reforçaram a segurança nas principais entradas do conjunto de favelas e apreenderam fuzis.

A PM também patrulhou o Morro do Trem, na Vila Kosmos, também na Zona Norte do Rio.

Na comunidade do Flechal, em Inhaúma, outros 4 criminosos foram baleados e duas pistolas foram apreendidas.

Na Cidade de Deus, na Zona Oeste, a operação tirou barricadas das ruas.

Confronto em São João de Meriti

Em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, 4 criminosos que tentaram escapar morreram em confronto com policiais militares.

A PM afirmou que o grupo fugiu do Complexo da Penha em um carro roubado. Com eles, havia 2 fuzis, 4 carregadores e radiocomunicadores.

Transporte

Os confrontos impediram a saída dos ônibus das garagens na região da Zona Norte do Rio. Em uma empresa, os motoristas tiveram que buscar abrigo.

“A bala está comendo, hein”, disse um condutor.

Sete linhas saíram com atraso. Quem ia para o trabalho ficou sem transporte. E quem estava fora de casa encontrou dificuldade para voltar.

“Consegui sair de casa ontem porque eu trabalho à noite, mas não consegui voltar. Estou preso, não consegui entrar em casa”, contou um homem.

Escolas

No Complexo da Maré, 24 escolas municipais não funcionaram nesta terça por conta dos confrontos. Na Penha, mais 16 escolas não abriram, assim como outras 20 no Complexo do Alemão.

Outras duas escolas no Morro do Trem não tiveram aulas.

Ao todo, mais de 20,5 mil alunos ficaram sem aula.

Fonte: G1

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