Mulher suspeita de envenenar bolo pesquisou na internet ‘veneno para coração’ e ‘veneno para humanos’ na casa da sogra, diz polícia

Mulher suspeita de envenenar bolo pesquisou na internet ‘veneno para coração’ e ‘veneno para humanos’ na casa da sogra, diz polícia

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A mulher suspeita de envenenar o bolo que causou a morte de três pessoas da mesma família em Torres, no Litoral Norte do RS, pesquisou na internet os termos “veneno para coração” e “veneno para humanos” na casa da sogra, segundo a Polícia Civil. Zeli dos Anjos preparou o alimento e está hospitalizada.

Deise Moura dos Anjos está presa temporariamente, e é investigada por suspeita de triplo homicídio e de três tentativas de homicídio. A fonte da contaminação por arsênio foi a farinha usada para fazer o bolo consumido pelas vítimas, conforme as autoridades. (Entenda abaixo)

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O relatório preliminar da extração de dados dos celulares apreendidos, ao qual o g1 teve acesso, apontou ainda buscas feitas na internet por termos como “arsênio veneno”, “arsênico veneno” “veneno que mata humano”. As informações constam da representação da Polícia Civil pela prisão temporária da suspeita.

“Ora, há fundadas razões, de acordo com as provas coletadas, que Deise foi na residência de Zeli e possivelmente envenenou algum ingrediente que seria utilizado pela Zeli”, diz trecho do documento.

O local em que as pesquisas foram feitas é o mesmo onde o bolo foi preparado por Zeli dias depois, em 23 de dezembro de 2024, para a confraternização de fim de ano. O Instituto-Geral de Perícias (IGP) apreendeu a maior parte dos alimentos e enviou os produtos para análise.

“Os dois mandados foram em Nova Santa Rita, na casa da nora e do filho, e na casa da Zeli, em Arroio do Sal. Ao mesmo tempo, a família nos franqueou a entrada tanto na casa da Zeli, em Canoas, no bairro Matias Velho, e em Torres, onde ocorreu a confraternização”, explica a perita criminal Clarissa Cassini Betton.

Deise nega qualquer responsabilidade sobre as mortes. Em nota, a defesa alegou que as prisões temporárias “possuem caráter investigativo” e que “ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso”.

Casa de Zeli, em Arroio do Sa, onde suspeita teria feito pesquisas sobre veneno — Foto: Reprodução/ RBS TV

Casa de Zeli, em Arroio do Sa, onde suspeita teria feito pesquisas sobre veneno — Foto: Reprodução/ RBS TV

➡️ Qual é a origem da contaminação?

O Instituto Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande do Sul detalhou o processo das análises que detectaram a presença de arsênio na farinha do bolo que causou as mortes das três mulheres.

Ao longo de uma semana, 89 amostras foram analisadas, e em apenas uma, a da farinha, foi encontrado arsênio. O composto estava em uma concentração 2.700 vezes maior que a encontrada no bolo.

Para encontrar a origem da contaminação, foi utilizado um equipamento de fluorescência de raio-X. O material tem uma série de bancos de dados para a identificação de metais usados, principalmente no solo, mas também em ligas metálicas como joias.

Ao fazer o escaneamento das amostras, o equipamento mostrou uma lista de concentração de quais metais poderiam estar presentes nessas análises. Segundo Lara Regina Soccol Gris, chefe da Divisão de Química Forense do IGP, o arsênio encontrado foi o material mais presente na farinha.

“Nós testamos o próprio bolo com esse equipamento. Já acusou muito positivo, digamos assim, pro bolo. E para farinha, então, foi uma concentração muito superior”, explica.

Amostras coletas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP)  — Foto: Reprodução/ RBS TV

Amostras coletas pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) — Foto: Reprodução/ RBS TV

O IGP também analisou o material coletado nas três pessoas que morreram. Maida e Neusa, irmãs de Zeli, e Tatiana, sobrinha da idosa. Os exames mostraram uma alta concentração de arsênio no estômago, no sangue e na urina das vítimas.

“Encontramos, inclusive, resíduos de passas de frutas cristalizadas, indicando que era dali mesmo. Esse material foi encaminhado para o laboratório parceiro que fez a análise”, esclarece a perita criminal Viviane Fassina.

No estômago de Tatiana, a perícia identificou a concentração de 384 mil microgramas de arsênio por litro, sendo assim a maior de todas. Isso significa que a concentração estava 11 mil vezes acima do que poderia ser considerado uma contaminação acidental.

Marguet Mittmann diretora do IGP, afirma que o órgão tem provas robustas e inquestionáveis de que as vítimas morreram por envenenamento por arsênio.

“É inquestionável que o arsênio estava no bolo e é inquestionável que a fonte na receita do bolo é a farinha”.

Vítimas do caso do bolo em Torres — Foto: Reprodução/RBS TV

Vítimas do caso do bolo em Torres — Foto: Reprodução/RBS TV

Fonte: G1

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