Um relatório interno da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) aponta que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, faz “relações públicas” do tráfico no Sistema Penitenciário Federal (SPF). De acordo com o documento, que tem anotação datada em 2020, ele atua como um articulador do Comando Vermelho (CV) no presídio. Na época que a observação foi feita, o criminoso estava na unidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O relatório é atualizado anualmente.
O documento ainda aponta que ele é um criminoso de “altíssima periculosidade” e com “elevado poder financeiro”. De acordo com o relatório, ele também financia honorário de advogados para outros presos, além de casas de apoio e passagens aéreas para familiares.
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Beira-Mar foi o primeiro detento do sistema penal federal, tendo inaugurado a unidade de Catanduvas, no Paraná, em 2006, e está desde então em penitenciárias federais de segurança máxima. Ele já passou por quatro das cinco unidades do país.
No histórico prisional do criminoso, outra informação de inteligência, de 2018, garantia que, de 2014 a 2016, época em que esteve na penitenciária de Porto Velho, em Rondônia, ele continuava “cometendo crimes, burlando as rígidas regras de segurança das unidades federais” e utilizava “parentes, inclusive advogados, para dar continuidade a suas atividades criminosas”.
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O EXTRA teve acesso com exclusividade ao histórico prisional do criminoso, que sintetiza a existência de relações entre os internos e da prática de crimes extramuros, apesar do rigor no monitoramento das unidades.
Essa situação começou a ser contada neste domingo, no primeiro capítulo da série de reportagens Conexões do Crime, que explica como o Comando Vermelho (CV) tem criado alianças e expandido franquias Brasil afora para fazer frente ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Órgãos de segurança pública fluminenses já identificam a presença de traficantes de 13 estados em territórios sob domínio do Comando Vermelho no Rio. O Pará é o principal deles, com 78 criminosos identificados pela Polícia Civil e escondidos nos grandes complexos cariocas.
Em resposta à publicação do primeiro capítulo da série Conexões do Crime, a Secretaria Nacional de Políticas Penais afirmou que “não há qualquer comunicação que não seja monitorada dentro de uma penitenciária federal, todas mediante autorização judicial, sendo as interações acompanhadas em tempo real por policiais penais federais, que atuam com elevado padrão técnico e estrito cumprimento da Lei de Execução Penal”. Além disso, destacou-se que “as penitenciárias federais foram criadas com o propósito de neutralizar a comunicação e a influência de lideranças criminosas, com base em isolamento individual, monitoramento integral e controle disciplinar rigoroso”.
Fonte: Extra





